Seminário Informática e Sociedade

Pensando sobre o assunto: Pilares e Saberes da Educação



A leitura do texto de Edgar Morin, “Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro”, e do Relatório de Jacques Delors nos remete a reflexão de algumas práticas que podem nos ajudar na preparação de estratégias eficientes dentro deste novo paradigma que se descortina.
1. Como ter acesso às informações e organizá-las? Como tirar proveito delas?
2. Qual a importância do trabalho interdisciplinar na articulação e organização dos conhecimentos?
3. Qual a importância do trabalho com projeto na construção de processos de cooperação e superação coletiva dos desafios de nosso tempo?


1º QUESTÃO:

“... O conhecimento é múltiplo e evolui infinitamente...” Delors

“O conhecimento é sempre uma tradução, seguida de uma reconstrução.” Morin

“A Educação primária pode ser considerada bem sucedida se conseguir transmitir às pessoas o impulso e as bases que façam com que contribuam a aprender ao longo de todas a vida, no trabalho, nas também fora dele. “ Delors

Considerando-se os movimentos do mundo contemporâneo, onde cada vez mais se exige cidadãos independentes, de iniciativa, que saibam comunicar-se e ter flexibilidade na resolução de conflitos, podemos dizer que nossos alunos estarão aptos a aventurar-se pelos domínios do saber e do desconhecido?


2º QUESTÃO:

Nossa educação sempre nos ensinou a separar, isolar e não a unir os conhecimentos.

“Essa visão fragmentada faz com que os problemas permaneçam invisíveis para muitos, principalmente para muitos governantes.” Morin

“Fechado na sua própria ciência, o especialista corre o risco de se desinteressar pelo o que fazem os outros. Sentirá dificuldade em cooperar...” Delors

“Na minha opinião, não temos que destruir disciplinas, mas sim integrá-las, reuni-las em uma ciência...” Morin.

Estamos adormecidos, apesar de despertos, pois diante da realidade tão complexa, mal percebemos o que se passa ao nosso redor.

Como nossa educação sempre nos ensinou a separar, compartimentar, isolar, poderíamos dizer que nos tornamos míopes e insensíveis aos problemas mais gerais, complexos e globais?


3ºQUESTÃO:

“Ainda que haja uma tomada de consciência de todos estes problemas (do planeta), ela é tímida e não conduziu ainda a nenhuma decisão efetiva.” Morin

“Cabe ao ser humano desenvolver, ao mesmo tempo, a ética e a autonomia pessoal (as nossas responsabilidade pessoais), além de desenvolver a participação social (as nossas responsabilidades sociais), ou seja, a nossa participação no gênero humano, pois compartilhamos um destino comum.” Morin.

“...por outro lado, na prática letiva diária, a participação de professores e aluno em projetos comuns pode dar origem à aprendizagem de métodos de resolução de conflitos e constituir uma referência para a vida futura dos alunos, enriquecendo a relação professor/alunos.” Delors

Aprender a viver junto, com a diferença é fundamental para que tenhamos a consciência de que temos problemas comuns.

Grupo B: Brígida, Cilede, Elenice, Fernanda, Lea, Liliam, Christiane, Marcia, Victor, Djane, Enilia, Jane.

Ensinar a condição Humana


Ensinar a condição humana

O ser humano é a um só tempo, físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico. Esta unidade complexa na natureza humana é totalmente desintegrada na educação por meio das disciplinas, tendo-se tornado impossível aprender o que significa ser humano. É preciso restaurá-la, de modo que cada um, onde quer que se encontre, tome conhecimento e consciência, ao mesmo tempo, de sua identidade complexa e de sua identidade comum a todos os outros humanos.
Desse modo, a condição humana deveria ser o objeto essencial de todo o ensino. É possível, como base nas disciplinas atuais, reconhecer a unidade e a complexidade humanas, reunindo e organizando conhecimentos dispersos nas ciências da natureza, nas ciências humanas, na literatura e na filosofia, pondo em evidência o elo indissolúvel entre a unidade e a diversidade de tudo que é humano.
• Enraizamento/desenvolvimento do ser humano
A educação do futuro deverá ser o ensino primeiro e universal, centrado na condição humana. Conhecer o humano é, antes de tudo, situá-lo no universo, e não separá-lo dele. Todo o conhecimento deve contextualizar seu objeto para ser pertinente; "quem somos?" é inseparável de "onde estamos", "de onde viemos', para "para onde vamos?". Interrogar nossa condição humana implica questionar nossa posição no mundo. Para a educação do futuro, é necessário promover grande remembramento (consolidação) dos conhecimentos oriundos das ciências naturais, a fim de situar a condição humana no mundo, dos conhecimentos derivados das ciências humanas para colocar em evidência a multidimensionalidade e a complexidade humanas.
• O humano do humano
O homem é um ser a um só tempo plenamente biológico e plenamente cultural, que traz em si a unidualidade originária. É super e hipervivente: desenvolveu de modo surpreendente as potencialidades da vida. Exprime de maneira hipertrofiada as qualidades egocêntricas e altruístas do indivíduo, alcança paroxismos de vida em êxtases e na embriagues, ferve de ardores orgiásticos e orgásmicos e é nessa hipervitalidade que o "Homo Sapiens" é também "Homo Demens".
O homem e o humano se encontram anelados a três circuitos fundamentais para sua vida enquanto ser e enquanto pessoa:
- o circuito cérebro/mente/cultura;
- o circuito razão/afeto/pulsão; e
- o circuito indivíduo/sociedade/espécie.
Todo desenvolvimento verdadeiramente humano significa o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana.
• "Unitas multiplex": unidade e diversidade humana
Há uma unidade humana; e há uma diversidade humana. A unidade não está apenas nos traços biológicos da espécie; a diversidade não está apenas nos traços psicológicos, culturais e sociais. Existem outras unidade e diversidades perfilhando as características do ser humano em "ser humano".
Cabe à educação do futuro cuidar para que a idéia de unidade da espécie humana não apague a idéia de diversidade e que a diversidade não apague a unidade. A educação deverá ilustrar este princípio de unidade/diversidade em todas as esferas do conhecimento.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MÓDULO da Disciplina Informática e Sociedade, Unidade 2- Ciências, Tecnologia e Sociedade em um mundo globalizado. Curso de Especialização em Tecnologias em Educação. PUC - Rio (2010).

PORTAL DO EDUCADOR. Conteúdo Escola. Resenha: Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. Ensinar a Condição Humana. Disponível em http://www.conteudoescola.com.br/site/content/view/89/27/1/5/ . Acesso em 1º de junho de 2010.

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro. Material Complementar – IS. Curso de Especialização em Tecnologia em Educação. PUC-Rio (2010) Disponível em http://www.eproinfo.mec.gov.br/webfolio/Mod85840/morin_7_saberes.pdf. Acesso em 26 de maio de 2010.


Postagem: Brígida

Sugestão de Vídeo

Enfrentar as incertezas





Enfrentar as incertezas

A maneira de ser e agir do ser humano se distingue pelo movimento, pela constante construção e criação de idéias e conceitos constituintes do reconhecimento de sua essência e particularidade, enquanto titulares desta condição. As formas de pensar e elaborar teorias que conduzam às respectivas práticas, no objetivo de orientar o seu rumo e atividades, são constantemente renovadas, gerando descobertas e incertezas.
Para Morin “Seria preciso ensinar princípios de estratégias que permitiriam enfrentar os imprevistos, o inesperado e a incerteza (...) É preciso aprender a navegar em um oceano de incertezas em meio a arquipélagos de certeza.”

Neste saber, o autor nos situa diante da imprevisibilidade, das incertezas que nos cercam e da impossibilidade, portanto, de certezas sobre os acontecimentos. Dessa forma é papel fundamental da educação, preparar as mentes para o inesperado e seu enfrentamento, para isso devemos evitar mostrar para o aluno idéias fechadas e prontas, pois corremos o risco do imprevisto do erro. Precisamos nos preparar e principalmente preparar o aluno para as incertezas do futuro e isso inclui nos munirmos de coragem necessária para mostrar as diferentes versões do mesmo problema, pois conhecimento é uma interpretação da realidade que nem sempre é fiel a ela.
Morin chama atenção para o fato que no final do século XX que, a visão do universo obediente a uma ordem impecável, é preciso substituir a visão na qual este universo é o jogo e o risco da dialógica (relação ao mesmo tempo antagônica, concorrente e complementar) entre a ordem, a desordem e a organização. Como estamos conduzindo a educação em nossas escolas? Como estamos avaliando nossos estudantes, futuros comandantes e profissionais da nação? Devemos conduzir nossos trabalhos enquanto profissionais da educação para lidar com as incertezas, e a tomada de uma nova consciência: o homem está confrontado de todos os lados com as incertezas. Por isso a educação do futuro deve se voltar para as incertezas ligadas ao conhecimento.
Morin cita alguns itens que justitificam estas incertezas:
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• “Um princípio de incerteza cérebro-mental, que decorre do processo de tradução/reconstrução própria do conhecimento.
• Um princípio de incerteza lógica: como dizia Pascal muito claramente. “Nem a contradição é sinal de falsidade, nem a não-contradição é sinal de verdade”.
• Um princípio da incerteza racional, já que a racionalidade, se não mantém autocrítica vigilante, cai na racionalização.
• Um princípio de incerteza psicológica: existe a impossibilidade de ser totalmente consciente do que se passa na maquinaria de nossa mente, que conserva sempre algo de fundamentalmente inconsciente.
Portanto, a realidade não é facilmente legível. As idéias e teorias não refletem, mas traduzem a realidade, que podem traduzir de maneira errônea. Nossa realidade. Isto nos mostra que é preciso saber interpretar a realidade antes de reconhecer onde está o realismo. Talvez não estejamos preparados para lidar com questões filosóficas e psicológicas do conhecimento, mas na atualidade temos um número grande de recursos tecnológicos que podem e devem ser usados fornecendo o suporte necessário ao trabalho trazendo a tona o verdadeiro sentido para enfrentar as incertezas.
Bilbiografia
Revista Linha Direta. Disponível em:
Acesso: 03/06/2010
Revista Nova Escola OnLine http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/arquiteto-complexidade-423130.shtml Acessado em 01/06/2010
MORIN.Edgar: Os sete saberes da educação:in:material complementar.Curso de Especialização Tecnologias da Educação- PUC.RIO-2009-210.

Os Sete Saberes Necessários À Educação Do Futuro (Edgar Morin) disponível em www.conteudoescola.com.br/site/content. Acessado em 02/06/2010.


Postagem: Cilêde

Ensinar a Compreensão


ENSINAR A COMPREENSÃO


A compreensão do outro requer a consciência da complexidade humana.
Assim, podemos buscar na literatura romanesca e no cinema a consciência de que não se deve reduzir o ser à menor parte dele próprio, nem mesmo ao pior fragmento de seu passado. Enquanto, na vida comum, nos apressamos em encerrar na noção de criminoso aquele que cometeu um crime, reduzindo os demais aspectos de sua vida e de sua pessoa a este traço único, descobrimos em seus múltiplos aspectos os reis gângsters de Shakespeare e os gângsters reais dos filmes policiais. Podemos ver como um criminoso pode se transformar e se redimir como Jean Valjean e Raskolnikov.
Podemos enfim aprender com eles as maiores lições de vida, a compaixão do sofrimento dos humilhados e a verdadeira compreensão.
A situação é paradoxal sobre a nossa Terra. As interdependências multiplicaram-se. A consciência de ser solidários com a vida e a morte, de agora em diante, une os humanos uns aos outros. A comunicação triunfa, o planeta é atravessado por redes, fax, telefones celulares, modems, Internet. Entretanto, a incompreensão permanece geral. Sem dúvida, há importantes e múltiplos progressos da compreensão, mas o avanço da incompreensão parece ainda maior.
O problema da compreensão tornou-se crucial para os humanos. E, por este motivo, deve ser uma das finalidades da educação do futuro.
A comunicação não garante a compreensão.
A informação, se for bem transmitida e compreendida, traz inteligibilidade, condição primeira necessária, mas não suficiente, para a compreensão.
Há duas formas de compreensão: a compreensão intelectual ou objetiva e a compreensão humana intersubjetiva. Compreender significa intelectualmente apreender em conjunto, comprehendere, abraçar junto (o texto e seu contexto, as partes e o todo, o múltiplo e o uno). A compreensão intelectual passa pela inteligibilidade e pela explicação.
Explicar é considerar o que é preciso conhecer como objeto e aplicar-lhe todos os meios objetivos de conhecimento. A explicação é, bem entendido, necessária para a compreensão intelectual ou objetiva.
A compreensão humana vai além da explicação. A explicação é bastante para a compreensão intelectual ou objetiva das coisas anônimas ou materiais. É insuficiente para a compreensão humana.
A compreensão do sentido das palavras de outro, de suas idéias, de sua visão do mundo está sempre ameaçada por todos os lados:
• Existe o “ruído” que parasita a transmissão da informação, cria o mal-entendido ou o não-entendido.
• Existe a polissemia de uma noção que, enunciada em um sentido, é entendida de outra forma; assim, a palavra “cultura”, verdadeiro camaleão conceptual, pode significar tudo que, não sendo naturalmente inato, deve ser aprendido e adquirido; pode significar os usos, valores, crenças de uma etnia ou de uma nação; pode significar toda a contribuição das humanidades, das literaturas, da arte e da filosofia.
• Existe a ignorância dos ritos e costumes do outro, especialmente dos ritos de cortesia, o que pode levar a ofender inconscientemente ou a desqualificar a si mesmo perante o outro.
• Existe a incompreensão dos Valores imperativos propagados no seio de outra cultura, como o são nas sociedades tradicionais o respeito aos idosos, a obediência incondicional das crianças, a crença religiosa ou, ao contrário, em nossas sociedades democráticas contemporâneas, o culto ao indivíduo e o respeito às liberdades.
• Existe a incompreensão dos imperativos éticos próprios a uma cultura, o imperativo da vingança nas sociedades tribais, o imperativo da lei nas sociedades evoluídas.
• Existe freqüentemente a impossibilidade, no âmago da visão do mundo, de compreender as idéias ou os argumentos de outra visão do mundo, como de resto no âmago da filosofia, de compreender outra filosofia.
• Existe, enfim e sobretudo, a impossibilidade de compreensão de uma estrutura mental em relação a outra.

Os obstáculos intrínsecos às duas compreensões são enormes; são não somente a indiferença, mas também o egocentrismo, o etnocentrismo, o sociocentrismo, que têm como traço comum se situarem no centro do mundo e considerar como secundário, insignificante ou hostil tudo o que é estranho ou distante.
A incompreensão produz tanto o embrutecimento quanto este produz a incompreensão. A indignação economiza o exame e a análise. Como disse Clément Rosset: “A desqualificação por motivos de ordem moral permite evitar qualquer esforço de inteligência do objeto desqualificado de maneira que um juízo moral traduz sempre a recusa de analisar e mesmo a recusa de pensar”. Como Westermarck assinalava: “O caráter distintivo da indignação moral continua sendo o desejo instintivo de devolver pena por pena”.
A incapacidade de conceber um complexo e a redução do conhecimento de um conjunto ao conhecimento de uma de suas partes provocam conseqüências ainda mais funestas no mundo das relações humanas que no do conhecimento do mundo físico.
A ética da compreensão é a arte de viver que nos demanda, em primeiro lugar, compreender de modo desinteressado. Demanda grande esforço, pois não pode esperar nenhuma reciprocidade: aquele que é ameaçado de morte por um fanático compreende por que o fanático quer matá-lo, sabendo que este jamais o compreenderá. Compreender o fanático que é incapaz de nos compreender é compreender as raízes, as formas e as manifestações do fanatismo humano. É compreender porque e como se odeia ou se despreza. A ética da compreensão pede que se compreenda a incompreensão.
A ética da compreensão pede que se argumente, que se refute em vez de excomungar e anatematizar. Encerrar na noção de traidor o que decorre da inteligibilidade mais ampla impede que se reconheçam o erro, os desvios, as ideologias, as derivas.
A compreensão não desculpa nem acusa: pede que se evite a condenação peremptória, irremediável, como se nós mesmos nunca tivéssemos conhecido a fraqueza nem cometido erros. Se soubermos compreender antes de condenar estaremos no caminho da humanização das relações humana.
O que favorece a compreensão é:

O “bem pensar”

Este é o modo de pensar que permite apreender em conjunto o texto e o contexto, o ser e seu meio ambiente, o local e o global, o multidimensional, em suma, o complexo, isto é, as condições do comportamento humano. Permite-nos compreender igualmente as condições objetivas e subjetivas (self-deception, possessão por uma fé, delírios e histerias).
Devemos relacionar a ética da compreensão entre as pessoas com a ética da era planetária, que pede a mundialização da compreensão. A única verdadeira mundialização que estaria a serviço do gênero humano é a da compreensão, da solidariedade intelectual e moral da humanidade.
As culturas devem aprender umas com as outras, e a orgulhosa cultura ocidental, que se colocou como cultura-mestra, deve-se tornar também uma cultura-aprendiz. Compreender é também aprender e reaprender incessantemente.
Como podem as culturas comunicar? Magoroh Maruyama fornece-nos uma indicação útil. Em cada cultura, as mentalidades dominantes são etno ou sociocêntricas, isto é, mais ou menos fechadas em relação às outras culturas. Mas existem, dentro de cada cultura, mentalidades abertas, curiosas, não-ortodoxas, desviantes, e existem também mestiços, fruto de casamentos mistos, que constituem pontes naturais entre as culturas. Muitas vezes os desviantes são escritores ou poetas cuja mensagem pode se irradiar tanto no próprio país quanto no mundo exterior.
A compreensão entre sociedades supõe sociedades democráticas abertas, o que significa que o caminho da compreensão entre culturas, povos e nações passa pela generalização das sociedades democráticas abertas.
Mas não nos esqueçamos de que, mesmo nas sociedades democráticas abertas, permanece o problema epistemológico da compreensão: para que possa haver compreensão entre estruturas de pensamento, é preciso passar à metaestrutura do pensamento que compreenda as causas da incompreensão de umas em relação às outras e que possa superá-las.
A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensões mútuas. Dada a importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão necessita da reforma planetária das mentalidades; esta deve ser a tarefa da educação do futuro.
Em: MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Pg. 93-104.

Postagem: Elenice

A Ética do ser humano


A ética do gênero humano




Falar sobre ética, na atualidade nos lança em um complexo campo de definições sociais, culturais, educacionais, epistemológicas e, em certo ponto, etimológicas de difícil resolução. Como falar em ética em uma sociedade que parece prezar pela sua falta? Ética para quê? Para quem? Pode a sociedade capitalista se pautar pela ética, e, quando realizo esta pergunta, não estaria fazendo um claro julgamento de determinado ponto de vista que assumo sobre o conceito de ética?

A resolução e problematização destes questionamentos tendem a se obscurecer no ritmo apressado da vida cotidiana, ritmo este que nos enraíza sub-repticiamente nos ditames propalados pelas classes dominantes, os quais, por diversas vezes, são aceitos como verdades absolutas, tal como pressupostos naturais. Essa naturalização do que é socialmente construído exerce efeito deletério sobre a humanização dos homens e mulheres- não herdada após seu nascimento, mas conquistada em um processo árduo pela apropriação do conhecimento produzido pelas gerações passadas- cuja conseqüência reside em impedir-nos de ascender à esfera ética propriamente dita. Sendo assim, não acreditamos na ética como um valor pré-moldado ou osmoticamente interiorizado pelos seres humanos, pois todo conceito só pode ser compreendido quando seu processo gênico emerge diante de nossos olhos como uma realidade na qual essência e aparência se manifestam dialeticamente.

Nesse sentido, como repensar a Ética em sua função de resguardar a vida, em função de ter uma morada, possuir um valor de lugar e um valor de posição? Como conciliar os direitos individuais e as obrigações coletivas? Quem sabe, retomando os filósofos, a ética socrático-platônica que postula a anterioridade do conhecimento das formas – justiça, virtude, coragem, responsabilidade etc. – como a condição de estabelecimento do Bem e, então, definir a forma de atingi-lo.



A educação deve conduzir à "antropo-ética", levando em conta o caráter ternário da condição humana, que é ser ao mesmo tempo indivíduo/sociedade/espécie. Nesse sentido, a ética indivíduo/espécie necessita do controle mútuo da sociedade pelo indivíduo e do indivíduo pela sociedade, ou seja, a democracia; a ética indivíduo/espécie convoca, ao século XXI, a cidadania terrestre.

A ética não poderia ser ensinada por meio de lições de moral. Deve formar-se nas mentes com base na consciência de que o humano é, ao mesmo tempo, indivíduo, parte da sociedade, parte da espécie. Carregamos em nós esta tripla realidade. Desse modo, todo desenvolvimento verdadeiramente humano deve compreender o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e da consciência de pertencer à espécie humana.

Ética do gênero humano ou antropoética propõe humanizar a humanidade, obedecer à vida e, ao mesmo tempo, deixar-se guiar por ela, conceber a unidade na diversidade, respeitando o outro e expressando a ética da solidariedade, da compreensão e do gênero humano.



BIBLIOGRAFIA

Os Sete Saberes Necessários À Educação Do Futuro (Edgar Morin) disponível em www.conteudoescola.com.br/site/content/.../1/9/ acessado em 01/06/2010.

PICCOLO Gustavo Martins A ética revisitada: olhares através da história DISPONÍVEL EM www.efdeportes.com/.../a-etica-revisitada-olhares-atraves-da-historia.htm acessado em 01/06/2010.

Sugestão de vídeo:


Postagem: Fernanda

Os Pilares

Os Pilares